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Fazendo miniatura de caminhão para trazer uma carga de boas recordações!

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Reflexões
Índice

Uma mera justificativa..........................................................................................

O cinema nacional – amor e ódio.........................................................................

O poder Legislativo tem vida Administrativa.......................................................

Brasil, ISSO É UMA VERGONHA!!! Boris Casoy menospreza garis......................................................................

FNM: O caminho inverso.......................................................................................

Para onde os ônibus nos levam............................................................................

Poemas por R$1,3 milhão num blog de Circo....................................................

A jardineira...........................................................................................................

Envergonhado.......................................................................................................

 

Uma mera justificativa

Penso, logo existo (René Descartes), será verdade? Há quem tenha deixado, ou quase deixado de existir por pensar (Giordano Bruno, Galileu Galilei e outros). Para algumas pessoas, especialmente para alguns chefes da Igreja Católica, desde o Tribunal do Santo Ofício, pensar não é o pecado maior, mas a manifestação do pensamento o é. Refletir sobre assuntos que nos afetam no dia-a-dia torna-se um hábito essencial para a vida à medida que o indivíduo toma conhecimento de si como ser pensante que pode compor grupos com poder de mudança.

Ivan Gouveia

 

"Do mesmo modo que os atores põem uma máscara, para que a vergonha não se reflita nos seus rostos, assim entro eu no teatro do mundo - emascarado."

René Descartes

 

 

 

Nesta seção vou emitir minhas humildes opiniões sobre alguns assuntos. É comum até para quem escreve por profissão se vexar de algum texto que escreveu ao vê-lo algum tempo depois. Que se dirá de mim? A vontade de falar às vezes nos aflora e não conseguimos conter a língua, isto é,  os dedos no teclado, porque algumas verdades tem de ser ditas, embora nem sempre consigamos as palavras adequadas. O objetivo da seção não é levantar polêmica além da que já se apoderou de alguns fatos importantes, mas suscitar o habito de refletir. De pessoas ilustres se dão ao trabalho de ouvir as opiniões e até requisitam-nas, mas de mim...  Como estou meio enferrujado no ato de escrever, vou expor também textos importantes de colegas para que o caro internauta não encontre aqui apenas uma linha de raciocínio. Bem, vamos aos textos.

 

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O cinema nacional – Um caso de amor e ódio

 

O cinema dos países do primeiro mundo, especialmente o norte-americano, é repleto de clichês e feito numa fôrma já meio surrada. Usada desde os tempos da vovó, mas que ainda faz filmes de muitos sabores. Saem os de pouco ou nenhum sabor também. Metáforas à parte, o cinema americano nem de longe esgotou sua fórmula. Ainda faz sentir calafrios, arranca gargalhadas, derruba lágrimas copiosas. Sobretudo, eles conseguem manter alguma dignidade no personagem tratado e, sem dúvida, é isso que faz toda a diferença. O tempo é usado em prol do roteiro e, às vezes, o que poderia ser uma seqüência de cenas, se resume num único gesto, num olhar, ou em gesto nenhum. Aí está a mágica da coisa. É resumido e eficaz. Em contrapartida, o cinema nacional é cheio de gestos exagerados, típicos do meio teatral. É como se ainda não tivesse evoluído deste, que me parece um meio intermediário na vida de um ator. Então o sujeito gesticula tanto que falta caírem-lhe os braços. Na vida real nós brasileiros, embora tenhamos comportamento bem diferente das gentes de outros países, não somos tão exagerados na gesticulação. Nosso cinema é, infelizmente, bem imaturo. O cinema nacional sempre teve seus bons momentos, mas o que mais gosto de lembrar é o tempo do saudoso Amácio Mazzaropi, um verdadeiro gênio. Com seus personagens a um só tempo ingênuos e astuciosos, conquistou fãs de todas as idades. Quem não o conheceu, veja Mazzaropi quadro a quadro no endereço  http://www.museumazzaropi.com.br/crono.htm. Mais recentemente o cinema brasileiro tentou parecer moderno e pretendeu até representar os eventos oriundos do mundo tecnológico atual. Mas, leda ilusão. Não temos ainda aparato para satisfazer tal ambição. Já nem falo na questão monetária, mas de cultura cinematográfica e de métodos.

 Não adianta ter bons atores sem um diretor à altura. Há diretores que arrancam dos atores aquilo de que nem mesmo eles sabiam que eram capazes. Então, fora o dinheiro, e as máquinas, a boa mágica do cinema se dá com o perfeito casamento das capacidades dos atores com as do diretor. Daí vem a fluência da vida que parte da película projetada e prende o espectador firmemente à cadeira. Pondo-o em completo silêncio, ou fazendo-o gritar sem se dar contar. Não há quem não se renda a um bom filme, enfim a um bom espetáculo seja ele de qual forma for. Contudo, já ouvi muitas pessoas se queixando que o cinema nacional não presta, que nada se aproveita. A gente sabe que não é bem assim. Mas quem vai se emocionar, ou rir até, quando os personagens do filme ficam o tempo todo gritando “PORRA!” e outras palavras desagradáveis? Nessa hora quem me vale é o bom e velho amigo controle remoto. Não sejamos ingênuos ao ponto de pensar que tudo deve ser muito bem comportadinho e com linguajar hiper refinado, retratando uma coisa que não seja nossa realidade. Mas a realidade do povo brasileiro não é assim tão “escrachada”. Já morei em muitas cidades do Brasil e jamais acreditei que o cinema nacional (não é regra) retratasse o povo de alguma delas. Externamente não somos tão promíscuos quanto o nosso cinema nos retrata. E olha que já faz tempo que espero passar a ver mais filmes nacionais. Às vezes tenho de assistir filmes (sem a craseado mesmo). É que tenho de estar pronto para passar para frente ou mudar de canal em certas partes. A gente tem de lembrar que há crianças na sala.

 As produções televisivas que mais se destacam no Brasil são as telenovelas. Estas são produções relativamente baratas em relação aos filmes, levando-se em conta o período de exposição das duas modalidades de espetáculo. Não adianta mudar de canal, a fórmula é praticamente a mesma. E tome telenovela! Quem agüenta? Se não tem outra coisa a fazer, a Internet passa a ser um substituto, pois na TV, com muitos jornais sensacionalistas, é perigoso vazar sangue da tela.

 Feitas as pesadas críticas que, de fato, doem mais em mim, que quero poder me orgulhar do nosso cinema, assim como tenho orgulho de ser brasileiro, faço questão de lembrar que a gente não está aqui só para jogar pedras. Temos, sim, trabalhos dos quais podemos nos orgulhar como Tropa de Elite (filme forte e realista), Depois daquele baile (clima nostálgico e alegre), O Auto da Compadecida (excelentes atores), Trair e Coçar É Só Começar (boa comédia) e outros que serão citados mais tarde.

 Se você leu até aqui, ou está me xingando ou gostou do que relatei. Por favor, não fique com raiva, pois em breve disponibilizarei um meio de você me criticar também. Por hora, obrigado.

Ivan Gouveia


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O poder Legislativo tem vida  Administrativa

A NOSSA TRISTE REALIDADE

Todo mundo acompanha estarrecido a “crise” pela qual passa o Poder Legislativo. Talvez nem esteja tão escandalizada a população diante da repetição diária das notícias dando conta das mazelas e absurdos lá cometidos. Trata-se de um festival com o dinheiro público. É triste, mas é real. Vamos tentar compreender um pouco disso, se é que podemos ou é possível. Vejamos, então, a ótica constitucional das coisas.

O Senado da República e a Câmara dos Deputados compõem o Congresso Nacional. Trata-se de casas responsáveis pelas atividades típicas de elaborar, discutir e votar leis (arts. 48 e 59, CF), e de fiscalizar os atos do Poder Executivo (art. 49, X, CF).

O Senado, ademais, tem um papel relevantíssimo na federação brasileira. É a casa que deve proteger a federação.

A federação é a forma de estado adotada no Brasil, pela qual se estabelecem vários núcleos de poder num estado composto. As partes – estados e municípios - gozam de autonomia, que é a capacidade de autogoverno, existência de orçamento, receita, leis próprias. Em um estado unitário (como a Espanha, o Uruguai), só existe um núcleo de poder: o central. Tal é a importância da nossa forma de estado que sequer por emenda constitucional ela pode ser alterada (art. 60, §4º, IV, CF)

Os senadores representam os estados (art. 46, CF), enquanto os deputados federais, o povo (art. 45, CF). A representação dos estados no Senado, como sabemos, é igualitária, ou seja, qualquer estado, grande ou pequeno, possui três senadores. O Senado tem atribuição constitucional de velar pelo pacto federativo, evitando-se, por exemplo, aquilo que se chama de guerra fiscal entre os estados mediante controle de alíquotas do ICMS (art. 155, §2º, IV e V, CF)1, que é um imposto estadual. Há diversas outras atribuições do Senado que reforçam esse aspecto do pacto federativo2.

O Senado da República deve ser a casa da convergência, da unidade, do equilíbrio. Na Câmara dos Deputados, porém, é salutar haver divergência, pluralidade, diferença, porque o povo é assim.

Pois bem. O Poder Legislativo tem também vida administrativa – atividade atípica - , verificada na existência de estrutura física, patrimônio, servidores, necessidade de fazer licitações e concursos públicos, nomeações de pessoas para cargos em comissão e funções de confiança (o que vamos distinguir mais à frente) e muito mais. É tudo aquilo que o Poder Executivo, de maneira mais clássica, e o Poder Judiciário também fazem.

Estamos cansados de ver ilustres senadores e deputados e as instituições Câmara e Senado praticando, na sua vida não-legislativa, imensurável afronta à Lei Fundamental, à qual evidentemente eles também estão sujeitos. Parece que não sabem disso.

Não são ignorados os graves problemas de gestão e corrupção envolvendo os ex-diretores do Senado Federal, fatos também adstritos a sua vida administrativa.

Entretanto, pretende-se abordar aqui especificamente a questão relacionada às nomeações aos cargos comissionados mediante atos secretos (secretos?), e às passagens aéreas distribuídas sem nenhum critério. Nesse ponto em especial, parece que ter percebido que havia necessidade de regras sérias para o uso de passagens foi uma grande descoberta. Nossa! Então não pode ser assim de qualquer jeito? Não posso doar uma passagem aérea a minha namorada para viagem de férias? É preciso respeitar a Constituição? Brincadeira! E olha que o Deputado Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, é um importante constitucionalista brasileiro.

Esses fatos ilustram bem o que se pretende mostrar.

Vamos repetir a premissa. O Poder Legislativo desenvolve atividades administrativas.
Assim, vejamos os famosos princípios constitucionais que orientam a vida administrativa do estado brasileiro.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Vamos lá. É preciso mostrar o óbvio a eles. Assim diz a norma: A administração de qualquer dos Poderes da União. O Legislativo compõe algum dos poderes da República? Com muito esforço, pode-se concluir que sim.

O que são princípios? Os princípios, como se sabe, são valores, mandamentos que norteiam todo o sistema, servindo de sustentação para a interpretação das normas no âmbito do sistema jurídico.

São normas – impõem observância - , as mais importantes do ordenamento jurídico. Servem de fundamento de validade a todas as outras normas. E quando a violação é de princípio constitucional? Nossa! Aí a coisa é séria, é o maior desrespeito que se pode ter.

Voltemos aos atos secretos do Senado nos quais são escondidas imoralidades. É possível sustentar isso, gente? A República não admite! A coisa pública não aceita! É preciso avisar isso aos parlamentares. A publicidade dos atos estatais é direito fundamental dos cidadãos, meu Deus! Não há contradição maior em não se dar publicidade a atos públicos por excelência. No Estado de Direito tudo tem que ser posto às claras. É direito fundamental, repito. Vamos a ele.
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

O que são os cargos em comissão e as funções de confiança? Observem a Constituição Federal.

Art. 37, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;

Em respeito aos princípios da igualdade, da moralidade e da impessoalidade, num Estado Democrático de Direito, a regra é o ingresso no serviço público por meio de concurso público. Entretanto, o legislador constituinte traçou algumas exceções, algumas das quais previstas no dispositivo transcrito acima. São as atribuições de chefia, direção e assessoramento. Ser nomeado para função de confiança pressupõe a ocupação de cargo efetivo, ou seja, aquele para o qual se exige concurso público e tem regime jurídico próprio, decorrente de lei. São cargos não regidos pela CLT. O que mais nos interessa aqui são os cargos em comissão, aqueles também baseados na confiança. Para esses não se exige a condição de ocupar cargo público. Em tese, qualquer pessoa pode ocupá-lo, já que a lei referida na norma constitucional supracitada não existe ainda. Os cargos de assessores de parlamentares são em comissão, de livre nomeação e livre exoneração (traduzindo: liberdade para admitir e demitir a qualquer tempo, quando quiser). Lembremos que há os princípios constitucionais aos quais eles, os probos legisladores, devem observância.

Não é pelo fato de ser o cargo de livre nomeação e exoneração que o parlamentar pode fazer dele o que quiser. Há os princípios constitucionais, que são NORMAS, obrigam, vinculam. É vedado o nepotismo (contratar parentes para o serviço público) em todos os poderes e esferas do estado brasileiro. É importante destacar a súmula vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal. Tamanha é a força dos princípios que a súmula seria até dispensável. Mesmo assim, viu-se a necessidade de editá-la. Mas os princípios continuam sendo desrespeitados.

Parlamentares ignoram a Constituição. Praticam o nepotismo cruzado, um ajuste de nomeações recíprocas. Um nomeia parente do outro. O STF foi criterioso e também o vedou. Eles brincam com a soberania popular: o poder emana do povo. Este é o princípio republicano. Brincam com o dinheiro público e, por conseqüência, com o povo.

Comportamento contrário aos preceitos constitucionais e a súmula evidentemente viola a moralidade e a igualdade. Penso que nem precisa definir ou conceituar esses princípios, por serem auto-explicativos. Configura ato de improbidade, conduta indecorosa, imoral, antiética. Talvez seja necessário comentar um pouco sobre o princípio da impessoalidade, de cujo nome não se extraem o seu significado e todas as suas implicações.
O que será dito aqui serve tanto para as nomeações aos cargos em comissão quanto para a distribuição das passagens aéreas.

O princípio da impessoalidade é valor que se impõe num Estado Democrático de Direito, sob pena de se legitimar adoção de privilégios e a mistura do público com o privado.

Ele se revela sob duas perspectivas: a primeira se mostra compreensível na norma reproduzida abaixo, em sua última parte. Acompanhemos.

Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Na publicidade de atos de governo, é vedado associá-la aos governantes ou servidores. Todos os atos emanados do Poder Público são atribuídos ao Estado e nunca ao servidor que os editou.

A outra perspectiva do princípio da impessoalidade é a atuação do estado se dar sempre de modo a evitar preferência, privilégio às pessoas. Trata-se de estrito cumprimento do princípio da igualdade. É em decorrência deles que existem os concursos públicos e as licitações, por exemplo, de modo que as escolhas sejam feitas com base em critérios objetivos, nunca arbitrários ou subjetivos. Isso é como deve ser! Nem sempre é. No Legislativo, quase nunca.

Esta é bem importante ao Senado, que é, como vimos, a casa da federação. É preciso avisar aos nobres senadores que existe uma vedação de natureza federativa que contempla também o princípio da impessoalidade. Vejamos:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Podemos notar que a junção das primeiras letras de cada princípio do art. 37 forma a palavrinha LIMPE. Desse modo, como não tem havido observância desses valores pelo Poder Legislativo brasileiro, vamos fazer um SANEAMENTO lá nas próximas eleições, porque aguardar o Conselho de Ética não parece ser decisão acertada. Nem integrantes tem o bendito conselho do Senado Federal. Aguardar a ação do Ministério Público e da Justiça também não se revela medida razoável, dadas a inoperância e morosidade de ambos. A soberania popular deve resolver isso, votando–se melhor. Por fim, só mais uma pergunta. Que legitimidade tem o Poder Legislativo de realizar a sua atividade típica de fiscalizar os atos administrativos do Poder Executivo se a sua vida administrativa é uma balbúrdia?
Espero ter ajudado.

Fabrício Fernandes Andrade

Brasileiro

Cacoal-RONDÔNIA

 

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Brasil, "ISSO É UMA VERGONHA!!!" Boris Casoy menospreza garis 

 

Eis mais uma triste realidade.

Vivemos em um país em que a maioria das pessoas são sub-assalariadas. Muita gente ganha salário mínimo, mas há quem ganhe bem menos que isso. Os bons empregos são muito concorridos e muitas vezes se precisa do famoso "empurrãozinho" de alguém que já é influente no local. A busca por emprego é uma batalha. É muito difícil de se fazer acreditado logo no início. Há quem fique numa verdadeira gangorra, pois quando mostra talento, às vezes falta escolaridade, o diploma enfim. Brasileiro que é brasileiro de fato nunca desiste. Passa por dificuldades e vai em frente. A vida muitas vezes é dura como uma luta de boxe e a pessoa pode não agüentar muitos "rounds". Quando não consegue as coisas dizem que não passa de um fracassado. Olha, que há mesmo quem não se esforce de verdade, mas a maioria luta até amenizar a situação. O sonho de ficar rico, salvo raras exceções, fica apenas para o glorioso dia em que for sorteado numa loteria. Enquanto isso tome trabalho, tome esperança. Que Deus é brasileiro ou poderia, um dia, se orgulhar de ser. Trabalho é trabalho. É esforço para se construir alguma coisa útil. Não tem trabalho menos digno ou mais digno que o outro. Indigno é roubar, matar, etc. Há trabalhos que exigem mais esforço que outros e que, lamentavelmente, resultem em menos proveito pecuniário. Entretanto, todo trabalho dignifica o trabalhador que, pelas mãos calejadas e pelo suor derramado de seu rosto põe à mesa o pão que nutre sua família. Eis aí uma boa parcela da felicidade do ser humano. Tudo transcorre como é tido por normal até que, lamentavelmente, um ser infeliz derrama seu rancor e menosprezo sobre nós brasileiros. Digo nós porque cada ser consciente dos direitos do cidadão, do respeito devido a cada trabalhador nesse país deve ter se indignado com as infelizes palavras do senhor Boris Casoy. Este, tido como um homem de moral inabalável e defensor dos direitos do cidadão, vomitou palavras duras contra os garis. Disse: "merda, dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros...  o mais baixo da escala do trabalho." Mostrou o quanto tem preconceito de classe social e outros mais. Aqueles dois garis podem não ter a formação acadêmica, mas certamente têm enlevação de alma que o senhor Boris parece jamais poder alcançar. Ah, deixassem de recolher o lixo da casa dele por uma semana e ele ia ver como ficaria! O lamentável episódio ocorreu bem no instante em que muitos de nós tentam, a todo custo, meter ao espírito um pouco de esperança para encarar o ano vindouro. O ser humano é difícil de se conhecer. Muita gente tem lá seus preconceitos quer seja de um tipo, quer seja de outro. Mas externá-los por quê? Para ferir alguém? Ou será que é por que alguns se acham melhores e acima de todos, que podem dizer o que bem querem? Acho que o senhor Boris Casoy não tem essas respostas. Mas eu digo uma coisa: todos somos suscetíveis de cometer erros. O que dizer o erro desse âncora da TV Band senão: "ISSO É UMA VERGONHA!!!". No mais, prefiro não sintonizar mais nessa emissora, pois quem teria estômago para encarar a imagem desse cidadão que é bem outra, quando não é devidamente editada.

Parabéns aos garis e a todos os trabalhadores dessa grande nação! Brasil! Feliz Ano Novo a todos!

Sábado, 02 de janeiro de 2010.

Ivan Gouveia

 

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FNM: O caminho inverso

 

Miniatura do caminhão FNM D 11.000

Quem conhece a história dos FNMs, sabe que eles eram produzidos na Fábrica Nacional de Motores em Xerém, Rio de Janeiro. Sendo um caminhão robusto e resistente, chegou a compor mais de 50% da frota nacional de caminhões no auge de sua produção. Com uma aparência marcante e um ronco peculiar do motor, era facilmente distinguido dos demais caminhões. Enfrentou desafios num Brasil de estradas escassas e mal conservadas. Participou da construção de Brasília e, apelidado de João Bobo, não enjeitou carga para qual fosse o destino neste Brasil. Tomou o apelido pelo próprio fato de levar tudo quanto pusessem em sua carroceria. Correu o tempo e hoje não existem muitos deles no trabalho, sendo que a maioria do que resta deles estão nas mãos de colecionadores.

Pois bem, os FNMs vieram do Rio de Janeiro e, nesta semana, senti-me muito honrado de mandar a primeira miniatura para aquela capital. O FNM pegou o caminho inverso e retornou para sua terra natal. É quase como o filho pródigo que regressa ao lar. Mas não, o FNM não é assim. Então deve ser como o soldado que retorna depois de feitos gloriosos. Assim partiu a miniaturam feita pelas mãos de um artesão humilde e dedicado, que é este que está escrevendo este texto. Modéstia à parte, a miniatura recebeu um generoso elogio do comprador, tendo ele ficado de confirmar outras encomendas. Embora eu não tencione ficar fabricando essas miniaturas para venda, isso traz certo orgulho de produzir algo que, por tudo aquilo que representou para o progresso no transporte de cargas no Brasil, traga boas lembranças às pessoas.

Com um quase injustificável apego por máquinas e outros mecanismos engenhosos, faço miniaturas artesanais de carros e caminhões. Porém nenhuma miniaturar me põe mais a divagar do que a do FNM. Tenho estudado bastante digamos a “anatomia” desse caminhão, mas como se vê, ainda tenho muito que melhorar. Foi, aliás, como escritor amador que, tendo iniciado o esboço de um romance que aborda a vida nas estradas precárias do Brasil dos anos 70, comecei a fazer uma miniatura de FNM D 11000. Esta servir-me-ia ao propósito da ambientação em torno do caminhão. Contudo, a história permanece inacabada e parada, que o tempo é uma mercadoria cara e que não se pode manter. O correr pelas coisas que nos vem por obrigação não deixa muito espaço para aquelas outras que nos caem apenas por deleite ou capricho.

Terça-feira, 06 de abril de 2010.

Ivan Gouveia

 

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Para onde os ônibus nos levam

Uma crônica fora de ordem e inacabada

 Entro no ônibus sob um sol tão brilhante quanto quente. As rodas giram sobre o asfalto escaldante. Fora isso, nada de extraordinário acontece. Mas o hábito de meter ao papel pensamentos entrecortados em forma hieroglífica me pega desprevenido. Tenho aqui o papel, mas dou pela falta da caneta. Preciso conseguir uma na próxima parada, vou pensando.

O barulho monótono do interior do veículo costuma me pôr sonolento. De repente, me pego a observar as árvores que passam por mim, ou antes, sou eu quem passa por elas. Ponto em que penso sobre a relatividade do referencial. Afinal, não faz nenhum sentido. Eis que é só divagação engendrada pelo costumeiro ato de ocupar a mente com algum pensamento. Expediente que busca, em vão, encurtar a viagem.

Uma senhora de idade já avançada senta-se ao meu lado. Resmunga algo que não consigo entender. Depois passa a falar sobre a família. Intercala a conversa com aquele algo que eu não entendera. Nem dessa vez pude entender. Que ela teria dito? Não ouso perguntar. Vejo nela traços de uma vida corrida com certa candura e humildade. De pessoa que ama e é amada lá pelos que a conhecem. Falou muito mais sobre si mesma e sobre a família. Sempre repetindo o que para mim parecia um resmungo, porque era pronunciado em tom mais baixo, como se dissesse de si para si. Fico curioso sobre as palavras ininteligíveis para mim. Porém, eis que agora noto com certa clareza que ela diz: Aleluia! Amém, Jesus! Então era isso... Ora, como não entendi? Sempre perguntando o nome de cada cidade e vilarejo por onde passamos, como quem nunca tinha vindo por esse lado a que vamos, finalmente, numa dada encruzilhada dos caminhos, numa estação rodoviária, ela nos deixa. Vai com Deus e Jesus, também com o motorista e os passageiros daquele outro ônibus.

Depois de algum tempo a observar o horizonte com um olhar desprovido de senso, principio a pensar sobre a efemeridade da vida. Ri comigo: no ônibus, exceto o motorista, tudo é passageiro. Não é assim com a vida também? Não são os motoristas da vida senão a consciência e a vontade? Agora a grama verdejante passa rápido lá fora. Grama e palmeira o tempo todo. Finalmente, palmeira e grama. Estou mais sonolento.

Uma charmosa jovem toma o lugar da velha e encantadora senhora. Traz ao colo uma criança que julgo ter senão um ano de idade. Fala em bom tom e aparenta ser boa mãe. A criança se estressa com o barulho e o calor demasiado. Com janelas lacradas e aparelho condicionador de ar defeituoso, torna-se terrível a viagem, com muita estrada ainda pela frente. Vou tirar um tempo para reclamar com a empresa de ônibus, penso. Sou um esporádico usuário desse meio de transporte e como brasileiro típico, é possível que deixe a reclamação para os usuários de todos os dias, concluo. É assim que as coisas costumam acontecer. Quem se importa? Continua abafado. Novamente palmeiras e grama. Agora algumas placas. Outra cidade. Dois dias longe de casa trouxeram muita ansiedade de voltar. Lá fora as pessoas de muitos lugares diferentes correm para embarcar. Gente marcada pela vida, com semblantes cansados, alguns até com cicatrizes na face. Outros aparentam tê-las no espírito, marcadas para uma vida inteira. Essas pessoas vêm de muitos lugares, vão para muitos lugares. Aqui é o ponto de encontro, mas ninguém se encontra. Questionar sobre para onde os ônibus nos levam me arremete à efemeridade da vida. Sobre um outro destino. Uma outra estação em algum lugar distante no cosmos. De onde não se espera ou não se pretende voltar. A estrada pelo éter onde a única bagagem são as recordações.  Penso na vida como uma viagem maior. Como seria partir sem ter deixado as marcas da planta dos pés aqui nesse mundo. De novo o asfalto fumegante. Ontem, visto da janela do hotel, tudo era muito estático, refletia paisagens de um lugar que jamais conheci. Agora, pela janela da condução, tudo se move rápido, algo nauseante até.  Nem o céu parece parado.  A poltrona ao meu lado está vazia. Passam rapidamente pela memória trechos das falas das duas mulheres que estiveram ali. As da primeira martelam como que para se fixarem, a fazerem para si algumas escassas sinapses. Batalham em vão. Nunca tive muita amizade com Jesus, nem gosto de falar com Deus. As pessoas o fazem. É assim que as coisas são. Para mim só conta aquilo que se pode fazer por meio do trabalho, conhecimento e bom senso. Cai a tarde ainda mais sonolenta por causa da mistura do ruído monótono do veículo com a mórbida paisagem, que se alterna entre a penumbra e uma réstia de sol. Afinal estou mais perto de casa. O ânimo para a escrita se esmaece como as matizes no céu que se refletem no vidro da janela. Há vezes em que a metafísica se faz insuficiente e cansativa, como fuga a mente se perde com futilidades. Eis que, em dado momento, me pego lendo instruções para uso do banheiro. Está decidido que não vou mais escrever. Entretanto, não fique o leitor tão entusiasmado: não vou mais escrever por ora. A caneta vai para o bolso junto com a folha rabiscada e amassada. Só espero que todos façam uma boa viagem.

Quinta-feira, 06 de maio de 2010.

Ivan Gouveia

 

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Poemas por R$1,3 milhão num blog de "Circo"

            Oportunistas de plantão se
mpre insistem em fazer desse país um verdadeiro circo sem graça. O picadeiro da terra do faz de conta, do viver de aparências se transborda de cômicos sádicos. Estes não titubeiam com suas ações que vão contra a necessidade de uma verdadeira satisfação social para um povo em que a minoria mais favorecida não carece dessas falsas consolações, sequer é tão afetada com essas palhaçadas sem graça quanto aqueles que, são assalariados, ou nem isso. Estas são pessoas que realmente necessitam de algum favorecimento do poder público. O que não é, nem de longe, uma esmola, visto que o percentual que se paga de tributos por cada produto ou serviço, nesta terra de ninguém, supera o que é cobrado em outras nações onde o cidadão tem o merecido retorno na forma de melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança principalmente. O carnaval agora é o ano inteiro e traz coreografia e caricaturas em tempo quase exóticas, que sambam e jubilam com dinheiro público que compraria centenas de ambulâncias, muitas toneladas de merenda escolar e aí por diante. Quiçá alguém, lá de cima, daqueles que estão acima das necessidades básicas do cidadão, dirá: "Isso é reclamação de pobre." Pois digo que se não fossem os trabalhadores sofridos, as crianças que não tem nem sapatos para ir à escola, eles sequer teriam justificativa para inventar esses projetos absurdos e fantasiosos cujos propósitos, não raro, são bem outros. Outro dia,  perdi até a vontade de almoçar quando li sobre o Blog de Maria Bethania, que consumiria R$1,3 milhão para fazer o que o jornalista Fred Leal provou que pode ser feito em 15 minutos. O resto vem da criatividade e boa vontade do povo, que manda os poemas. Isso, sim, é incentivo à propagação cultural.

Entretanto, muita gente aceita ou nem percebe esse tipo de projeto de imposição de uma caricatura poética, dissimulada na forma de programa de enriquecimento cultural. É que muita gente nem tem tempo para notar essas coisas. Depois, tem gente que se sente ofendido pelas palavras de Silvester Stallone: “Você pode explodir o país inteiro e eles vão dizer ‘obrigado, e aqui está um macaco para você levar de volta para casa’.” Por que devemos nos humilhar tanto diante desses povos estrangeiros. Muitos deles são famosos, são gente boa, são ricos, ou não. Mas sequer estão pedindo para sermos seus vassalos. Temos de assumir nosso valor. Cadê aquele negócio de "brilhou no céu da Pátria nesse instante?". Queria que houvesse uma centena dessas pessoas que vão direto ao ponto. Quem sabe a gente comece a ver as coisas sem o véu da ilusão: esquecer  esse negócio de Brasil é o rei do futebol, pois já não está com essa bola toda; notar que a falta de recursos, os salários de miséria e o déficit na saúde pública não se pode anestesiar com o carnaval pesado de fantasias "made in China", que só trás prejuízos, pois se há lucro, este vem apenas para quem já tem o bastante; ver que a educação não deve ser mascarada por números apenas, pois de que vale um diploma se não se aprendeu nada do que foi ensinado. Este serve, sim, para os que gostam de enganar e de se enganar. Aí estão verdadeiros narcisistas cegos para a realidade.

Se para ter cultura eu necessitar desses poemas do Blog da Bethania, quero morrer ignorante como sou, mas que minha parte dessa "cultura" seja revertida em benefícios que se casem melhor com as necessidades mais imediatas do cidadão. Não se está aqui a ridicularizar o circo, em cujo picadeiro passeou nossa imaginação na infância e ainda hoje o faz. Também não se está aqui a dizer que não é bom que tenhamos um programa cultural desses (o tal blog), só é preciso deixar claro que, se ele custa o sangue do trabalhador que nem tem acesso a esse conteúdo, quem, então, será favorecido pelo programa?? Gosto de poemas e, raras vezes, até os escrevo, mas, ao contrário do moço que recitava versos no trem da Central a Dom Casmurro, fico vexado e os meto ao bolso sem os ter lido para alguém. Ah! Como sou ignorante! Morrerei assim, pois a cultura nos custa muito caro. O que é pior, tome goela abaixo, goste ou não. Seja lá do jeito que for. Meus parabéns ao jornalista Fred Leal. Homem que, pelo que notei, é dono de um exímios conhecimento e atitude, dentre outros atributos. Fui lá no 365 Poemas a um Real conferir e me emocionei com excelentes poemas e, como sempre digo: aprendi coisas. O gigante adormecido, chamado Brasil, tem de acordar agora. Tem de ser agora, mesmo!

Sábado, 19 de março de 2011.

Ivan Gouveia

 

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A jardineira

Lá do alto, lembro-me bem, a poeira vermelha anunciava a chegada da jardineira, que me encantava em todos os seus detalhes. Até o cheiro do vapor de gasolina e poeira pareciam perfumes... Subir na jardineira, abrir e fechar os vidros, ir lá para o fundo e olhar a rua... As casas ficando para trás. Lá do bar do Nô, os parentes acenando para os passageiros nas janelas. Depois, tal qual no poema de Manoel Bandeira, passava cerca, passava árvore, passava poste, passava boi, passava boiada, passava galho de ingazeiro, debruçado no riacho... Realmente dava vontade de cantar, mesmo com lágrimas... Lá do fundo do coração, Meu Deus... 

Pois é, Seu Neném Borges o motorista e o Virgílio do Zé Camilo, o ajudante, carregados de recados, bilhetes, cartas, encomendas, tudo na cabeça, aqui devolve o latão de leite, lá na frente entrega uma peça para o arado, volta correndo e pede para alguém entregar a caixa de remédios para Dona Orora... Relógio a essas alturas vai servir pra que? Pára depois da ponte de madeira do Brejinho da Serra, na beira da estrada, enche um galão d’água e completa o radiador fervendo da velha F8.

A jardineira sempre me devolve à infância, deitar na grama de barriga pra cima, chupando cana, olhando os urubus, as nuvens, passeio no mato, andar de cavalinho nas costas da tia Lídia, colher melão de São Caetano, araticum cagão, murici, correr de cobra coral, picada de marimbondo chumbinho, deslizar no lajeado do Córrego da Capivara, voltar cansado e, à noite, olhar o céu e contar as estrelas; tentar entender aquela mancha brilhante que meu avô ensinou ser um caminho de leite.

Mesmo morando num apartamento com uma grande área que até parece quintal, olho para o meu céu de não sei quantas estrelas, fracionado pelos cumes dos prédios. A paz é violentada por turbinas de avião e sirenes de radiopatrulhas.

Encontrei na internet outros meninos “como eu” que sonham com uma jardineira, lá de São Paulo... Como o mundo é pequeno de chão, mas cheio de corações inundados de infâncias que se foram... Como se foram as velhas jardineiras!

Sábado, 19 de março de 2011.

José da Piedade e Silva

A foto da jardineira que ilustra este texto, até onde sei, não se trata da F8 de que fala o texto. Nós a acrescentamos para se fazer conhecer uma jardineira a quem, por ventura não as conheça.

 

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Ivan Gouveia

Pós-graduado em Redes de Computadores pela FACIMED - Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal. Graduado em Tecnologia da Informação pela UNESC - União das Escolas Superiores de Cacoal. Tem CCNA (Cisco) como curso complementar de Redes de Computadores. Profissional da área de Eletrônica e de Programação de Computadores. Programador nas linguagens Delphi e Visual Basic.